A menina e a música
Como a surdez moldou o meu relacionamento com a música ao longo dos anos
Nas últimas semanas, meu filho se apaixonou por “Hey Jude”, dos Beatles, e Luciano, que detesta barulho, começou a escutar bossa nova em casa. Dois vizinhos estão reformando seus apartamentos, o que acarreta uma poluição sonora incessante das 8h às 18h de segunda à sexta. Como resultado desse clima musical com as britadeiras de fundo, comecei a me esconder atrás do bluetooth. As longas horas diárias em frente ao computador agora têm trilha sonora dos anos 80, e tem sido delicioso reencontrar as músicas perdidas nos porões da memória auditiva enquanto mexo o corpo e sorrio sozinha.
Um dos meus enteados é louco por música. Ele é uma pessoa que gosta de se aprofundar no entendimento das coisas e faz muitas perguntas quando se interessa por algo. Eis que Daniel notou que tenho passado um tempo considerável no Spotify e começou a puxar papo sobre a minha audição biônica. Dia desses, à noite, tivemos uma conversa interessantíssima sobre surdez, música e audição.