Depois de um diagnóstico de surdez, muita gente paralisa e fica só vendo a vida passar, mergulhando cada vez mais fundo numa tristeza infinita e salpicada pelo pó tóxico do vitimismo. Eu já fiz isso, sei bem como é. Em vez de focar na solução, você põe toda a sua energia no problema. O entorno colabora, porque conversar sobre uma deficiência com uma pessoa que ainda não elaborou a própria deficiência sensorial dá medo e é um tabuzão federal.
Quebrar esse ciclo horroroso costuma ser muito mais trabalhoso do que se adaptar a um par de aparelhos auditivos. Aliás, hello, estamos em 2024 e já passou da hora de desperdiçar bons anos fazendo da surdez um dramalhão. Que os moradores do armário da surdez me perdoem, mas em tempos de tanta tecnologia e vida facilitada num grau até pouco tempo inimaginável, sofrer e se descabelar à toa por causa de algo que tem solução beira a uma infantilidade vergonhosa. E se você leu isso com desgosto pensando “cada um tem seu tempo”, eis o que preciso te dizer: “acelera, Ayrton!”
A vida por ser bem mais fácil quando você tem algum grau de surdez. E falo isso com conhecimento de causa: 42 anos de perda auditiva nas costas, todos os graus de perda progressiva (leve, moderada, severa e profunda), fuga dos aparelhos, paixão pelos aparelhos, zumbido 24hs, primeiro implante coclear, depois o segundo, anos e anos achando que me escondia de alguém no armário da surdez…
Me dá uma agonia cabulosa ver as pessoas sofrendo em vão. Inclusive esse foi um dos motivos que me fez começar a escrever o Crônicas da Surdez em 2010. No dia em que minha ficha caiu sobre o tempo perdido me sentindo uma coitada porque não ouvia e uma idiota por ter passado tantos anos fugindo dos aparelhos auditivos por “vergonha” de pessoas que estavam pouco se lixando pra mim, eu quis transformar a raiva que comecei a sentir de mim mesma em algo bom e produtivo. Passei a usar o cérebro e os dedos para fazer um alerta especial: “não cometam os mesmos erros que eu cometi”.
14 anos depois, todos os dias me deparo com uma galera significativa cujo “problema” não está nos ouvidos, mas sim, na própria cabeça. Dor, drama, fuga, negação, vergonha, raiva, medo - tudo isso em doses constantes e cavalares.
Juntando alhos e bugalhos, esse texto tem um objetivo bem simples. Te convidar para participar do primeiro EVENTO PRESENCIAL que faço desde que o pandemônio surgiu em 2020.
Vai ser no Rio de Janeiro, dia 2 de março (sábado), no auditório de um prédio no Leblon, pertinho do metrô. Serão 4hs e 30min de escuta radical e trocas intensas com outras pessoas que também estão no mesmo barco. Vai ser transformador. Para aqueles que estiverem abertos e dispostos, um renascimento. VEM?
INSCRIÇÕES PARA O EVENTO
Especialmente para os membros do Clube dos Surdos Que Ouvem e para você que está lendo essa newsletteraqueles, faça sua inscrição até o dia 25 de fevereiro com preço especial: R$199.
Após o dia 25, o valor normal é de R$219 para membros do CLUBE SQO e R$249 para não membros.
FAÇA A SUA INSCRIÇÃO E GARANTA UMA DAS 50 VAGAS
Basta fazer pix no celular 21 99923 5854, salvar o comprovante e subir ele AQUI junto com seus dados.
Te espero.
Vamos descomplicar a surdez juntos e a vida vai ficar muito mais leve.
Beijo,
Paula Pfeifer