Na adolescência, fiz aulas de natação durante seis meses. Eu entrava na piscina e nadava em direção ao fundo bem devagar. Quando ninguém estava me olhando, mergulhava até encostar o pé nos azulejos azuis e então gritava embaixo d´água esvaziando os pulmões. Lembro da sensação libertadora que tomava meu corpo depois dos berros inaudíveis e das bolhas de ar que se formavam com eles. Os gritos subaquáticos eram questão de sobrevivência, e a piscina da Academia Golfinhos, o único lugar seguro onde eu podia extravasar a minha tristeza em segredo.
© 2025 Paula Pfeifer
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