REFLEXÃO DO MÊS:
Poucas coisas me deixam tão feliz quanto trocar experiências com mães de crianças com deficiência auditiva. Especialmente as mães do nosso Grupo de WhatsApp-Telegram, com as quais posso conversar sobre tudo o que envolve a surdez. Elas me ajudam a ressignificar as minhas próprias experiências com o diagnóstico tardio, bullying e capacitismo dentro de casa, os anos escondida no armário, etc. Há muita verdade e vulnerabilidade nessas trocas; elas são as amigas empoderadas que eu gostaria que minha mãe tivesse tido. A maternidade atípica traz desafios que só quem vive entende, e é por isso que estar em contato direto com outras mães de #SurdosQueOuvem faz a diferença.
Crianças são o reflexo dos adultos que as rodeiam. Cresci achando que era normal não conversar sobre o elefante branco sentado na sala e que o certo era tentar esconder a minha surdez e fingir que nada estava acontecendo. As mães da nova geração estão fazendo tudo diferente. Elas estudam o tema, correm atrás, lutam contra o preconceito e a desinformação e ajudam a desmitificar para as mães novatas.
Gosto de fazer perguntas no grupo, e compartilho com vocês duas delas e as respectivas respostas.
Em que momento vocês percebem que seus filhos estão refletindo seus esforços para naturalizar a surdez e o uso de próteses auditivas?
Simone: Quando, ao fazer um trabalho na escola, meu filho escreveu que a característica que mais gosta nele é "a surdez". Imagina o coração de mãe como fica!
Mara: Minha filha tem 4 anos e um dia uma amiguinha perguntou até quando ela iria usar o aparelho e se era pra sempre. Ela olhou pra amiga e respondeu " Sim! O Papapá é pra sempre meu!" Com um olhar de satisfação e naturalização do uso. 🥰
Nena: Quando todas as noites beijamos o papapá e falamos boa noite pra ele. É um pedacinho dela .
Anielly: Quando tatuei um aparelho auditivo atrás da orelha. Corri para mostrar para minha filha e ela respondeu: "mamãe, o seu não funciona de verdade, só o meu, então o meu é mais legal!"
Rachel: Quando a amiga mostra seu fone de ouvido e sua filha 8 anos responde “eu tenho meu aparelho auditivo, é meu fone de ouvido com Bluetooth, me conecto em tudo!”
Qual foi o conselho que você recebeu no início da jornada da surdez do seu filho que fez toda a diferença?
Shirlei: Assusta mas vai passar, acredite em mim, vai passar!
Maria Fernanda: Melhor conselho foi seu, comprar o curso para mães de crianças surdas.
Priscila: Não paralisem diante o diagnóstico, vocês precisam agir.
Talita: É proibido desistir. Respira fundo e continua…
Emilia: Começar Libras logo.
Anielly: Para não perder tempo e colocar logo os aparelhos auditivos nela, pois quanto antes, mais fácil seria a reabilitação.
Sabrina: Nenhum. Só pessoas tentando fazer eu desistir da minha intuição de mãe. Dizendo que não fazia sentido eu procurar tantos médicos pra me darem o diagnóstico que eu estava criando. Bem triste, mas hoje eu deixo meu número de celular disponível até aos médicos, caso precisem de alguém pra acalmar o coração das mães e pais na fase de desespero.
Carol: Procurar terapia auditivo-verbal
Paula: Acredite! Com o implante coclear, vai chegar o dia em que a vida voltará a absoluta normalidade, mas corra! Não espere para começar os procedimentos para o IC."
Tudo o que aprendemos errado podemos ensinar diferente. Todas as conversas que nossos pais não tiveram conosco, podemos ter com os nossos filhos. Todo o afeto que não nos foi demonstrado, podemos demonstrar à exaustão. A proteção exagerada que recebemos pode ser transformada em incentivo à independência das crianças. Se fomos ensinados a olhar para o chão e esconder a surdez, ensinemos os nossos pequenos a olhar para as estrelas e transformar seus aparelhos em melhores amigos. Se as crianças são reflexo dos adultos, sejamos adultos melhores todos os dias. As novas gerações de #SurdosQueOuvem merecem
DR. LUCIANO RESPONDE
Tá difícil conseguir um tempinho na agenda do próprio marido, e como sou virginiana e odeio atrasos, não posso correr o risco de obrigar a newsletter a ter um delay de 15 dias… Por isso, em agosto vou substituir a pergunta mensal respondida por ele por dois conteúdos que podem interessar a muitos de vocês! PS: mandem suas perguntas para a newsletter de setembro.
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Beijos
Paula