O diagnóstico de SURDEZ é um choque
Como o vídeo do Franklin Medrado me fez relembrar o diagnóstico de deficiência auditiva
Ontem à noite fui colocar o Lucas para dormir quando algúem me mandou um story do Franklin Medrado falando sobre o seu diagnóstico de surdez. Ele é um humorista que a gente segue e adora aqui em casa. Logo em seguida o Franklin postou um vídeo completo, emocionante e de uma vulnerabilidade incrível. Um cara com milhões de seguidores na internet falando abertamente sobre como o diagnóstico de surdez progressiva abala o emocional de um ser humano. Fiquei toda arrepiada assistindo.
Uma fala específica do Franklin me tocou muito. Ele diz que evitou o aparelho auditivo por um tempo porque para ele o aparelho simbolizava o tic tac de um relógio, lembrando continuamente sobre a possível piora da surdez. E foi nessa hora que fechei os olhos e voltei no tempo.
Quando um otorrino que NÃO era especialista em surdez me deu um diagnóstico ERRADO de que minha perda auditiva se resolveria com o tempo porque, segundo ele, eu tinha “um canalzinho no ouvido que um dia vai abrir e ela vai voltar a escutar bem”, foi como se me dissessem que eu tinha gripe. Mas no dia em que um especialista em surdez olhou no fundo dos meus olhos e disse que eu tinha surdez de grau severo e que ela era PROGRESSIVA, aí o chão se abriu na minha frente. Essa palavra é assustadora. Ela te paralisa. Ela deixa teu corpo inteiro mole. Ela faz seu sangue borbulhar de desespero e medo. É difícil pra caramba imaginar a vida e o futuro no mais completo silêncio.
Deficiências têm a ver com recomeços. Por mais que a gente sofra e relute no início, logo após o diagnóstico, a coisa certa a fazer é enfrentar os desafios que virão de cabeça erguida. O que me deixa triste é ver a quantidade de gente que ainda foge do inevitável e ergue um muro ao redor de si, justificando com argumentos como “estou sofrendo, me deixa em paz”. Em frente ou enfrente. O que a surdez quer de nós é CORAGEM e adultecimento (essa palavra nem existe, mas eu amo o verbo inventado ‘adultecer’).
Contei sobre o meu diagnóstico de surdez em detalhes AQUI.
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PS: muita gente não gosta da plataforma do Apoia.se. Por isso, abri aqui no Substack a possibilidade de quem quiser se filiar ao Clube dos Surdos Que Ouvem também. As plataformas gringas funcionam feito relógio suiço para essas coisas, então, se você não entra pro Clube porque tem dificuldade com o Apoia.Se, é só se filiar por aqui no “Paid Subscription” (assinantes pagos) e ganhar acesso aos grupos.
Beijos,
Paula