Nos primórdios do Crônicas da Surdez, em 2010, a vibe da nossa comunidade era diferente. O foco das trocas e discussões tinha a ver com os desafios que todos nós enfrentamos por causa da deficiência auditiva. E eles começam na frustração de não ouvir alguma coisa até a falta de compreensão da família e dos cônjuges, passando pelo armário da surdez e pela dificuldade de furar a bolha do mercado de trabalho. Ninguém falava sobre direitos e benefícios, essa era uma preocupação secundária.
Quando alguém compartilhava uma dor ou um ‘causo’ no grupo, todos ofereciam conselhos, palavras de apoio e compartilhavam experiências parecidas e como lidaram com elas. Aí vieram as redes sociais e o comportamento humano, de forma geral, mudou. Ficou tudo muito superficial, instantâneo e descartável. Inevitavelmente, a nossa comunidade também passou por mudanças. Comecei a reunião de ontem falando sobre como tenho a sensação de que aproveitamos só 10% do tesouro que temos nas mãos.